APORTE TEÓRICO

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         A Constituição Federal brasileira de 1988 ao estabelecer os princípios da educação brasileira estabelece a gestão democrática como normativa de ação para as escolas públicas de nosso país, o que é reafirmado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (LDB 9394/96). O projeto de pesquisa que buscamos colocar em ação em parceria com a SEMED de Floriano parte do referido princípio constitucional para a construção do PPP que orientara as ações da equipe gestora da secretaria e dos diretores e coordenadores nas escolas do município.

 

     Os conceitos que nortearão nosso trabalho serão: o de Gestão de sistemas, que é definido pelo Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares como “o ordenamento normativo e jurídico e a vinculação de instituições sociais por meio de diretrizes comuns. “A democratização dos sistemas de ensino e da escola implica aprendizado e vivência do exercício de participação e de tomadas de decisão. Trata-se de um processo a ser construído coletivamente, que considera a especificidade e a possibilidade histórica e cultural de cada sistema de ensino: municipal, distrital, estadual ou federal de cada escola” (BRASIL. 2004 vol. 5. p. 25).

         

       O conceito de Gestão da escola pública será fundamental pela a construção do PPP, pois este “Trata-se de uma maneira de organizar o funcionamento da escola pública quanto aos aspectos políticos, administrativos, financeiros, tecnológicos, culturais, artísticos e pedagógicos, com a finalidade de dar transparência às suas ações e atos e possibilitar à comunidade escolar e local a aquisição de conhecimentos, saberes, idéias e sonhos, num processo de aprender, inventar, criar, dialogar, construir, transformar e ensinar. (BRASIL. 2004 vol. 5. p. 25).

 

       Conceitos como gestão democrática e autonomia guiarão nosso trabalho junto a Secretaria de Educação de Floriano, pode-se destacar como referencial teórico, autores como Paro (2010), Cury (1994), LIbâneo (2010) entre outros grandes estudiosos da temática.

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SAIBA MAIS

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     O Piauí tem o terceiro maior índice de analfabetismo do Brasil, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015, 8,2% da população acima dos 15 anos no Estado é analfabeta. A região nordeste é a que concentra o maior índice de analfabetismo no Brasil, em torno de 16% da população adolescente, jovem, adulta e idosa, Alagoas possui o maior percentual de analfabetos, em segundo lugar aparece o Maranhão, em terceiro lugar o Estado do Piauí.

   A cidade de Floriano situa-se na região sul do Estado do Piauí, a 240 quilómetros da capital Teresina. É a quinta cidade mais rica do estado, sendo uma referência nos setores de saúde, comércio e educação. Possui duas universidades públicas, sendo elas: a Universidade Federal do Piauí e a Universidade Estadual do Piauí, um Instituto Federal, e diversas Faculdades particulares. A rede de atendimento a educação básica de Floriano, segundo o censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira de 2017 e composto por 3 escolas federais, 21 escolas estaduais, 89 escolas municipais e 28 escolas particulares, totalizando 141 escolas de educação básica. A população de Floriano seguindo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para o ano de 2018 é de 59. 840 habitantes[1].  

     A rede municipal de ensino e o atendimento a Educação de Jovens em Adultos em Floriano/Piauí Segundo os dados do IBGE, em 2017 haviam 8.051 alunos matriculados no ensino fundamental e 3.169 matrículas no ensino médio na cidade de Floriano. A média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) dos alunos dos anos inicias da rede pública da cidade tiveram nota média de 5.3, os alunos dos anos finais, essa nota foi de 4.8. Na comparação com cidades do mesmo estado, as notas dos alunos dos anos iniciais colocam esta cidade na posição 16 de 224 cidades que compõem o Estado, e os alunos dos anos finais na nona posição do Piauí.

     Ao realizarmos a pesquisa nos deparamos com uma realidade de trabalho muito precária, onde foi destacado os seguintes pontos pelos professores: na Escola Municipal Antonieta Castro foi destacado pela professora que suas maiores dificuldades estão relacionadas a metodologia de trabalho com adultos; a variação de idades e dos níveis de aprendizagens alunos; falta de livros e recursos didáticos, como impressões e cartolina. Não foi possível conversar com os professores durante o período de visitas na Escola Municipal Francisco Dutra.

Foi destacado pela docente da escola Municipal Marcos dos Santos Parente que sua maior dificuldade era alfabetizar, devido à grande variação dos níveis de alfabetização. O professor que conversamos na Escola Municipal Raimundo Neiva afirmou que sua maior dificuldade para alfabetizar adultos é a leitura e o material didático.

      Em nossas conversas com os estudantes Escola Municipal Antonieta Castro, eles nos informaram que a maior dificuldade era na leitura e escrita da língua portuguesa.  Quando perguntamos a respeito das suas dificuldades de aprendizagem, do que eles esperavam da escola, eles disseram que necessitam de aulas diferentes, aulas mais dinâmicas. Ponderaram que os alunos que fazem parte da EJA na sua maioria são trabalhadores que passam o dia trabalhando no setor privado ou no seu próprio lar, tendo que cuidar da casa e dos filhos, devido a isso a noite estão muito cansados e a falta de dinâmica nas aulas acaba desmotivando.

      Não tivemos como realizar conversas com os alunos da Escola Municipal José Francisco Dutra, da mesma forma que não conseguimos com os professores. Havia tido um assalto dentro na escola em um dos dias de visita, e eles estavam muito aflitos, só falavam sobre a violência que a cidade está vivenciando.

Na Escola Municipal Marcos dos Santos Parente, foi relatado pelos discentes suas dificuldades em aprender a ler e a escrever, que não tinham tempo de estudar em casa, pois trabalham o dia inteiro. Eles acreditam que precisam de aulas diferentes para aprender e estão na EJA porque tem necessidades de melhorar sua escolarização devido o mercado de trabalho.  Já na Escola Municipal Raimundo Neiva, os alunos reconhecem os esforços dos professores, mas pedem aulas mais dinâmicas, diferentes, como por exemplo aulas de informática. No período das visitas podemos entender muito sobre os alunos e os professores, tivemos a oportunidade de conversarmos com a equipe técnica e os gestores, foi nos apresentado problemáticas das escolas, como os materiais didáticos que os professores não consideram adequados aos alunos, as salas de aula com espaços muitas vezes desadequados aos alunos adultos, com carteiras muito pequenas, e o ambiente alfabetizador infantilizado.

     Os alunos demostram dificuldades de aprendizagem, falam sobre o cansaço do dia inteiro de trabalho, mas possuem vontade de aprender e entendem que a escola é muito importante para que eles tenham uma melhor inserção no mundo do trabalho. Mesmo vendo as dificuldades dos professores e sentindo falta de metodologias mais adequadas ao universo adulto, eles reconhecem o esforço dos docentes e elogiam seu trabalho

      Os ambientes das escolas são alegres e as relações boas no geral. As turmas multiseriadas trazem grande dificuldades para os professores. Percebemos também muitos alunos de inclusão nas salas de aula de EJA. Para elaborarmos o curso de formação de professores que é nosso objetivo final, entendemos que temos grandes desafios, e o desenvolvimento de metodologias para melhorar o ensino nas salas de aulas multiseriadas será talvez o maior deles, porque muitas vezes tem na mesma sala de aula alunos do primeiro e segundo segmento do ensino fundamental.

     No processo de realização das pesquisas realizadas nas escolas urbanas e rurais de Floriano para a montagem do curso de formação de professores e durante o processo de formação que se encontra em andamento, fomos percebendo a necessidade de pensarmos em ações para a formação dos gestores tanto da SEMED quando das unidades escolares. Como a Secretaria não possui um Projeto Político Pedagógico, propomos a SEMED uma parceria para a escrita do mesmo. Pois, entendemos não ser possível continuarmos a desenvolver ações de formação continuada para a EJA se os gestores não possuem um documento normativo para as ações pedagógicas nas escolas e não entenderem a importância desta modalidade de ensino.

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[1] https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pi/floriano/panorama - acesso em 28/10/2018

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Gestão da educação escolar. Brasília: UnB, CEAD, 2004 vol. 5. p. 25

CURY, Carlos Roberto Jamil. O DIREITO À EDUCAÇÃO: Um campo de atuação do gestor educacional na escola. In.: http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-biblioteca/pdf/jamilcury.pdf  acesso em 18/04/2017

HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática  na escola: artes e ofícios da participação coletiva. Campinas (SP): Papirus, 1994

LIBANEO, Jose Carlos. Democratização da escola publica: a pedagogia crítico dos conteúdos. 25. ed. São Paulo: Loyola, 2010.

LUCK, Heloisa. Planejamento em orientação educacional. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução critica. 16. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

OLIVEIRA, João Ferreira de Oliveira; MORAES, Karine Nunes de Moraes; DOURADO, Luiz Fernandes. Gestão escolar democrática: definições, princípios e mecanismos de implementação. In.: http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4-sala_politica_gestao_escolar/pdf/texto2_1.pdf acesso em 18/04/2017